A chave? Onde está a minha chave?
Já não a encontro
E já nem o esforço quer ser meu amigo,
Já nem as lágrimas curam a própria dor espalhada.
Aquela tal força de possibilidades
Encontrada um dia perdida,
Parece desejar fugir novamente
Com os seus intérminos devaneios.
Cansaço,
Palavra-chave, mas que teima em não entrar na fechadura certa
E talvez ele tenha razão,
Aquele senhor cujo o nome desconheço, ainda hoje disse
Que possivelmente nem sete chaves a abrirão,
E se eu procurar a oitava?
Será que seriam oito razões incontestáveis?
Sim eu interroguei-o de novo
E com temor das suas próprias sentenças ele proferiu:
"Bem, parecem inacabáveis,
Mas sabes, as chaves de nada servem se a fechadura não existir
E se não houver ninguém que as faça, também não entrarás.
Olha para ti, a tua porta já nem aberta está,
Ela já nem sequer existe
Depois de tantas vezes a teres inaugurado.
Não reparaste?
Amputaste a porta quando estavas no teu sono
Simulando a querença de que esse alguém entrasse no teu pesadelo,
Sem notar que sem intenção a realidade também ficou aberta."
Viste se alguém chegou a entrar?
Esteve alguém à espreita com medo do que encontrar?
"Sim encontrei uma pegada que estava prestes a te achar,
Mas teve medo, teve muito medo de te acordar,
E de depois sentir que lá não poderia estar"
Chegou-me a acarinhar?
E porquê? Porque a deixaste escapar?
"Sente á tua volta, sente este cheiro que ela deixou cá ficar,
O seu suave carinho, sim, ainda te abraçou fortemente,
Como se nunca mais o pudesse fazer,
Não acordaste porque pensaste que estarias a sonhar.
Eu apenas lhe disse que o seu esforço definiria a sua vontade,
E eu sei, eu agora apenas sei que essas palavras ficaram em seu pensamento."
A sonhar sim... Agora me recordo,
Como poderia eu não estar a sonhar,
Se nada mais me pode fazer acreditar,
Que na capa, a felicidade ainda posso estampar.
Olha comprei um livro, sem letras,
Simplesmente páginas esbranquiçadas o descrevem.
Notei que ele veio ter comigo,
E apenas tinha uma pequena folga a pedir que eu lhe desse o título.
Havia espaço para dez pequenas letras.
Automaticamente, e quase sem saber como, a caneta apoiada em minha mão as escreveu.
Lembraste daquela palavra?
Aquela que um dia te disse que para sempre com ela queria perdurar.
Nem precisas de te pronunciar, eu sei que tu sabes do que estou a falar.
Mas o pequeno livro ainda tinha mais um desejo a cumprir,
Para assim eu nunca mais o deixar fugir.
Queria apenas mais uma pequena palavra nas suas próprias costas.
Não me disse qual era, mas assim que olhei determinei escrever "Acreditar".
Somente mais uma coisa ambicionava, fosse qual fosse o seu futuro e eterno conteúdo,
Que nunca entrasse em desacordo com estas duas pequenas e colossais palavras.
Mal ele sabia que eu também tinha uma ambição, e a minha era cumprir a sua.
Bem o céu já está a clarear, tenho de me ausentar,
Talvez amanhã voltemos a falar.
08/03/2011
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