quarta-feira, 25 de maio de 2011

Imersão Fatal

Fatalidade,
Será ingenuidade?
Não, não… É mais falta de credibilidade,
Falta sinceridade
Para chegar à tal felicidade.
E a nossa serenidade?
Amor, carinho e fraternidade,
Teimam em virar falsidade.
Prazer… Vontade…
Quase sempre é quase nada,
Quase nunca é quase tudo,
E quase que por um fio
Quase chega a ser o meu mundo.
Essas plateias,
São estilo prisões desventradas de preconceito,
Mas eu não aceito
Quem nelas escarnece sem preceito,
Perfeito? Jamais!
Mas ainda assim estou satisfeito,
De alguma forma virei a ser o eleito,
Ou não fosse eu este sujeito,
Se não gozasses tu de tanto jeito
Talvez eu vertesse para suspeito.
É certo que engrandeci neste jardim
E surgi para ser assim,
Embora ainda me esconda no minúsculo camarim,
Será por desconfiar o frenesim?
Nesta rima tudo tem um fim…
Quem pode amar por mim?

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Olhares Intemporais

Olhar que assusta
Quem nele projecta seu sentido,
E que faz querer por mais
Desses medos assombrados pela luz.
Tão penetrante,
Que nem a própria espada
Carregada pelo criador,
É detentora de tamanho denodo.
Evidência conturbada pelo temor incontendível,
Contemplado por quem anseia açular
O verdadeiro alicerce da reincarnada paixão,
Desmedida de tempo e vontade,
Isenta de suspeição e iniquidade,
Imersa em benquerença pela eternidade.
Certa incapacidade de traduzir sentimentos,
É a fórmula cordial originada,
Inexplicavelmente, pelos incompetentes cumpridores,
De destinos enigmáticos.
Será a partida para quem ainda não tem meta?
A resposta?
Não, ela não te vai bater á porta,
Mas vai crer em ti até estar morta.
Julgamento?
Atalho engasgado sem fundamento,
Pois nada mais é que encobrir o fingimento.
Sofrimento?
Está latente no sentimento,
Ou não tivesse sido a maçã, mordida pelo pensamento.
A pergunta tornou a assolar,
Desta vez intrigada,
Desta vez seria ela a mergulhar em interrogações,
Ensaiando encontrar o caminho em suas próprias inquietações,
Por aqui, não se recordam mais desilusões,
Constroem-se telas de paixões,
Dando um rumo a infindas visões.
A legendária chama persiste em flagrar,
Na tocha que um dia acendemos
Em homenagem ao amanhã.
Agora já nem há fastio,
Já nem há nada que tormenta
O nosso vigoroso olhar,
Somente quebrado pelo enlace
Que toda a noite, ganha lugar.

sábado, 7 de maio de 2011

O "senhor" da Chave... Felicidade & Acreditar...

A chave? Onde está a minha chave?
Já não a encontro
E já nem o esforço quer ser meu amigo,
Já nem as lágrimas curam a própria dor espalhada.
Aquela tal força de possibilidades
Encontrada um dia perdida,
Parece desejar fugir novamente
Com os seus intérminos devaneios.

Cansaço,
Palavra-chave, mas que teima em não entrar na fechadura certa
E talvez ele tenha razão,
Aquele senhor cujo o nome desconheço, ainda hoje disse
Que possivelmente nem sete chaves a abrirão,
E se eu procurar a oitava?
Será que seriam oito razões incontestáveis?
Sim eu interroguei-o de novo
E com temor das suas próprias sentenças ele proferiu:
"Bem, parecem inacabáveis,
Mas sabes, as chaves de nada servem se a fechadura não existir
E se não houver ninguém que as faça, também não entrarás.
Olha para ti, a tua porta já nem aberta está,
Ela já nem sequer existe
Depois de tantas vezes a teres inaugurado.
Não reparaste?
Amputaste a porta quando estavas no teu sono
Simulando a querença de que esse alguém entrasse no teu pesadelo,
Sem notar que sem intenção a realidade também ficou aberta."

Viste se alguém chegou a entrar?
Esteve alguém à espreita com medo do que encontrar?

"Sim encontrei uma pegada que estava prestes a te achar,
Mas teve medo, teve muito medo de te acordar,
E de depois sentir que lá não poderia estar"

Chegou-me a acarinhar?
E porquê? Porque a deixaste escapar?

"Sente á tua volta, sente este cheiro que ela deixou cá ficar,
O seu suave carinho, sim, ainda te abraçou fortemente,
Como se nunca mais o pudesse fazer,
Não acordaste porque pensaste que estarias a sonhar.
Eu apenas lhe disse que o seu esforço definiria a sua vontade,
E eu sei, eu agora apenas sei que essas palavras ficaram em seu pensamento."

A sonhar sim... Agora me recordo,
Como poderia eu não estar a sonhar,
Se nada mais me pode fazer acreditar,
Que na capa, a felicidade ainda posso estampar.

Olha comprei um livro, sem letras,
Simplesmente páginas esbranquiçadas o descrevem.
Notei que ele veio ter comigo,
E apenas tinha uma pequena folga a pedir que eu lhe desse o título.
Havia espaço para dez pequenas letras.
Automaticamente, e quase sem saber como, a caneta apoiada em minha mão as escreveu.
Lembraste daquela palavra?
Aquela que um dia te disse que para sempre com ela queria perdurar.
Nem precisas de te pronunciar, eu sei que tu sabes do que estou a falar.
Mas o pequeno livro ainda tinha mais um desejo a cumprir,
Para assim eu nunca mais o deixar fugir.
Queria apenas mais uma pequena palavra nas suas próprias costas.
Não me disse qual era, mas assim que olhei determinei escrever "Acreditar".
Somente mais uma coisa ambicionava, fosse qual fosse o seu futuro e eterno conteúdo,
Que nunca entrasse em desacordo com estas duas pequenas e colossais palavras.
Mal ele sabia que eu também tinha uma ambição, e a minha era cumprir a sua.
Bem o céu já está a clarear, tenho de me ausentar,
Talvez amanhã voltemos a falar.

08/03/2011

terça-feira, 3 de maio de 2011

Será possível?

Encostado ao muro das lamentações
Na perspectiva da queda de ilusões,
Não sou eu que as digo
Não sou eu que as faço
Mas sou eu que as ultrapasso.
Porque hoje e só hoje
Quem me dera ser palhaço,
Ter o dom da palavra
Sem precisar quebrar o laço.
Nas vezes em que me sentia mais fraco
Até parecia que passavas lá,
Mas ao fim do dia
Tão-pouco podia pronunciar olá.
Dizer olá depois de ouvir um adeus?
Essa ampla humilhação
Nunca mais será vista por estas esquivas terras,
Abandonada está,
Tal como o actor deste intenso monólogo.
Tanta ousadia,
Deu asas a quem já nem pelas próprias pernas caminhava,
Fez meditar mais que duas vezes quem afinal estaria a perder,
Fez imaginar que por fim a realidade também sonha.
Este é o sentimento penetrante
Que me cobre de inspiração,
Mas ainda assim, não consigo dizer
Até mais não.

11/01/2011