sábado, 30 de abril de 2011

Estreitas Razões

Percorrendo estes estreitos trilhos
Pelo deserto sem horizonte no panorama,
Seco de querer ser quem sou
Seco da imaginação requerida pela vontade
Seco de esperar pelo tempo que não vai existir
Seco da esperança abandonada pela viagem
Encharcado por lágrimas de arrependimento,
Pela minha própria mácula.
Tamanha irracionalidade inconsciente
Jamais escapará compreendida
Pelos próprios autores,
Desertores do inerente afecto,
Afectado pela alucinação transcendente.
Acerca da razão estar certa,
Nada posso negar,
Pela sua coerência
O mais certo seria falhar.
São certezas incompatíveis com realidade
De fraca longevidade,
Entranhadas e destinadas a ninguém,
E ninguém as agarrou.
Elas, sim são elas,
Que fazem pensar
Na tal maneira do observador
As conseguir ofuscar.
Tantas e tantas…
Mas apenas meras chegarão à fonte,
Munidas de factos profundamente encarnados
Em suas resilientes formas.

24/12/2010

terça-feira, 26 de abril de 2011

Sangue, Suor e Lágrimas...

Enfrenta a verdade nua e crua
Aventura-te pelo que amas
Clama a tua ambição.
As cicatrizes que temes no teu ímpeto íntimo
Nada mais são que provas do valor ímpar
Contestado pelo teu fundo.
Lágrimas derramadas, gravadas pela realidade embutida
Dividindo o incerto querer, da consciente imperfeição vivida.
Medos ocultos, encobertos pela vontade de amar
Superiores à vontade de sonhar.
Involuntárias palavras depurantes
Traduzem a esperança corrompida em tua alma
Pronta a despertar do pesadelo concebido pelo sonho,
Sonho alimentado pela tentação de outrem.
Passando a mão pela tua força,
Interiorizando o teu fugaz fervor,
Agarrando o abismo destemido,
Aniquilando-o audazmente,
Na expectativa do teu verdadeiro ser.
O futuro somente a ti pertence,
Os mares mais turbulentos te levarão ao ansiado destino
Se a tua crença for derradeira,
Só assim conquistarás toda a fortuna desejada.

Dedicado a uma pessoa muito especial.
03/12/2010

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Os meus olhos

A luz nos meus olhos apaga-se
Mas eles continuam abertos,
Desconfiam o amanhã
Temem-no sem olhar,
Olham fechados no vazio que os contem,
Abrem-se ao que não querem
Fecham-se ao que querem.
Querem falar mas ninguém os ouve
Têm tanto a declarar, a confessar...
Manifestam-se de toda e nenhuma forma,
Escondidos pelo infortúnio
Pelas sombras que os rodeiam,
Desordenadas
Encadeadas
Correm e passam
Dizem tudo
Dizem nada,
Impensáveis
Intocáveis
Indiferentes à razão
De que a chave está no bolso,
Tentados
Irritados
Enganados
Continuam inanimados
À espera da invasão.
Afinal, a porta está aberta
Queres entrar?

19/10/2010

domingo, 17 de abril de 2011

Auto-retrato

     Corpo tipo espada, comprido e fino. O maior órgão do corpo não é tão branco como a neve, mas não anda longe. Aqueles que vos vêm, castanhos, mas o verde também tem uma palavra a dizer. Tal como os de antes, aquela coisa que me aquece as ideias também é da cor do casaco que visto hoje. E aquela certa parte que às vezes cheira o que não quer, tem um toque de requinte, há quem diga que estará perto da perfeição. 
     Eu penso que penso que sou um grande pensador, atento e observador.
   A confiança não reina em mim, mas por vezes ela lá vem por fim. A raridade com que eu desisto é praticamente nula, embora a vontade não seja a maior em certas ocasiões. Sou sempre eu mesmo, não tenho duas caras. 
     Chegam-me a dizer “sai de casa”, um pouco exagerado porém, ou então não; no entretanto isso está a mudar. Sou amigo daquele que também o é, e não é qualquer um que o pode ser. Arrogante quando tem de ser, um método que uso como defesa, talvez exagere na sua utilização. Sempre foi difícil a integração em grupos, mas ao longo dos anos fui aprendendo e ainda continuo...